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tirada a 22 de Outubro de 1999, em Dili quando Xanana voltou livre a
Timor Leste e discursava perante uma multidão emocionada, mas jubilante!
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Biografia de Xanana Gusmão - O Lider, o Homem e a
Pátria !
Source: http://www.axs.com.au/~salette/Xanana-Biografia.html
20 de Junho de 1946 - nasceu José Alexandre Gusmão –
Kay Rala Xanana Gusmão,em Laleia (Manatuto) filho de Manuel Gusmão. Aprendeu o
Português na infância com seu pai que além de ser Português era também
professor em Timor.
1954 a 1957 frequentou a escola primária Santa Teresa, em
Ossu, Viqueque, uma zona rural de Timor Leste de dificil acesso. Xanana
assistiu a prisioneiros serem "limpos" de postos administrativos e
obrigados a trabalhos pesados pelo Governo Português. Nos anos 50 gerou-se um descontentamento
a larga escala contra o Governo Português. Viqueque, não tinha electricidade,
água canalizada ou assistência médica.
1959 a 1962 estudou no seminário Nossa Senhora de Fátima, em
Dare, nas montanhas, avistando Dili. Seminário dirigido pelos padres jesuítas e
depois no Liceu Dr. Francisco Vieira Machado de Dili. Foi bom em desporto e
praticou ginástica, jogou futebol, basketeball e volley. Desde o principio que
foi absorvido pela poesia, mas também tinha "queda" para politica.
Teve como colegas de estudo muitos dos futuros leaders politicos de Timor
Leste, tais como Francisco Lopes da Cruz, Xavier do Amaral e Nicolau Lobato.
1962 a 1964 deixou o seminário e começou então a ter vários
empregos em Dili, mas continuando a estudar à noite para acabar o Liceu.
1965 conheceu a sua futura mulher Emilia Batista, tendo
Xanana nessa altura 19 anos.
1966 começou a trabalhar na Administração Pública, mas
continuando na mesma os seus estudos.
1968 Xanana foi recrutado para o Exército Português
aonde serviu 3 anos de serviço militar, onde chegou a Cabo
Em 1970, casou-se com Emília Gusmão, num registo civil
depois de ter "insultado" os padres! Continuou a trabalhar e a
estudar. Teve dois filhos: Eugénio Paulo Gusmão ( Nito) em 1971 e Zenilda
Emilia Gusmão em 1975.
1971 nasceu o filho Eugénio Paulo Gusmão (Nito).
Acabado o serviço militar, voltou a trabalhar na Administração Publica e a
estudar. Xanana juntou-se a organização nacional anti-colonialista, fundada por
Ramos Horta, Mari Alkatiri e Abilio Araujo. Cada vez mais mostra a sua decepção
com a Administração Pública e com o injusto sistema colonial.
1974 Xanana ganhou o Prémio de Poesia de Timor Leste
com o poema chamado "Mauberedias" inspirado nos Lusiadas de Luis de
Camões.
Abril de 1974, como resultado da Revolução em Portugal houve
muitas prisões politicas. Xanana tentou adquirir empréstimo do Governo para se
iniciar como fazendeiro. Tal empréstimo não lhe foi concedido ficando zangado e
desiludido deixa o emprego na Administração Publica. Xanana mudou-se para
Darwin, porque tinha decidido emigrar para a Austrália com a familia e volta a
Timor para buscar a sua familia para a Australia... o que não chegou a
acontecer devido ao seu grande envolvimento politico.
Maio de 1974 a descolonização de Timor começou com o Governador
a anunciar eleições gerais e pede para formarem partidos politicos.
Maio de 1974, formou-se a ASDT ( Associação Democrata
Timorense). Defendia a independência imediata e viria mais tarde mudar de nome
para Fretilin.
Depois do 25 de Abril de 1974, Xanana trabalhou no jornal A
voz de Timor e tornou-se militante da Fretilin (Frente Revolucionária de
Timor-Leste Independente). "Resistir é vencer"
12 de Setembro de 1974 nasceu a Frente Revolucionária de
Timor-Leste Independente ( FRETILIN). Os ensinamentos politicos deste partido,
vinham de leituras de obras de autores como Soeiro Pereira Gomes, Marx e Mao
Tse Tung. O manual e programa politicos da Fretilin, foram redigidos por Abilio
Araujo que aderira ao partido também nesse Setembro. O partido exigia a
imediata independência, com radicais mudanças na estrutura social e económica
do território. O seu programa chamava para a imediata participação dos
Timorenses no Governo, um fim da discriminação racial e uma ofensiva contra a
corrupção. Juntamente com a UDT fez campanha pela independência, mas os
elementos mais radicais foram atraidos pelo aumento de politização do Povo
Timorense.
Outubro de 1974 a Indonésia começou uma operação de
destabilização, incluindo emissões de rádio através da fronteira em Timor
Oeste.
1975 Xanana começou a trabalhar como electricista
(mecânico). Houve noticias de mais de 20.000 grandes manifestações politicas
Janeiro de 1975, Ali Murtopo, chefe dos Serviços de Informação,
com objectivo de provocar rutura na coligação entre a Fretilin e a UDT,
desencadeia propaganda contra a Fretilin e exerce pressão sobre a UDT. Estava
"criado o futuro clima de guerra civil"... os partidos não "se
entendiam"...
Marco de 1975 começaram as Eleições Gerais.
26 de Maio de 1975 desfez-se a aliança entra a
Fretilin e a UDT e a Fretilin tomou o quartel-general de Dili. Sete dias mais
tarde as tropas portuguesas fogem para Atauro tal como o Governador Lemos Pires
que ao aperceber-se da gravidade da situação, abandona o controle do território.
Julho de 1975 nas eleições locais sob ordens do comité de
descolonização, 90% dos novos eleitos "Luiraisare" eram membros da
Fretilin ou apoiantes.
11 de Agosto de 1975 UDT tentou um golpe e
tomou partes estratégicas de Dili.
15 de Agosto de 1975 Fretilin começou uma luta armada
para combater o golpe da UDT.
17 de Agosto de 1975 Xanana foi preso no Quartel
General da Fretilin e encarcerado em Palapaco.
20 de Agosto de 1975 Fundou-se a Falintil. Lutas
começaram no interior de Timor.
27 de Agosto de 1975 o Governador Lemos Pires
retirou-se para Atauro. 20.000 refugiados fogem para Atambua e são mantidos em
campos de refugiados pelos Indonesios
Setembro de 1975 a FRETILIN finalmente tem controle do País e UDT
prisioneiros, incluindo Xanana, foram libertados. Xanana criou o jornal
"Timor Leste: Jornal do Povo Maubere" e começou como Vice-Secretário
da Fretilin. Xanana tinha um papel chave inicialmente no Departamento de
Informação e mais tarde depois da sua eleição para o Comité Central da
Fretilin. Falintil foi fundada nessa altura.
Outubro de 1975 Indonésia começou a atacar através da fronteira
com Timor Oeste.
16 de Outubro de 1975 - 5 jornalistas foram
assassinados em Balibo. Xanana disponibilizou-se como voluntário para o serviço
na fronteira.
28 de Novembro de 1975 a Fretilin declarou
unilateralmente a independência e chegou a constituir Governo. Xavier do Amaral
era o Presidente da República, Nicolau Lobato, Primeiro Ministro, Ramos Horta,
Ministro das Relações Exteriores e Informação, Mari Alkatiri, Ministro de
Estado dos Assuntos Económicos e Sociais. Os adeptos dos partidos contrários à
Fretilin refugiaram-se no lado Ocidental de Timor, na provincia indonesia de
Nusa Tengara Timur.
30 de Novembro de 1975 Xanana atravessou a fronteira
para colher informação acerca dos movimentos das tropas Indonesias. UDT , a
Apodeti e o Kota assinaram a declarção de "Balibo", onde pedem a
integração de Timor na Indonesia. O Ministro dos Negócios Estrangeiros
Indonésio Adam Malik formalmente declarou que Timor Leste tinha sido integrado
na Indonesia.
A 7 de Dezembro de 1975 Indonésia invadiu à força Timor
Leste, com o pretexto de acabar com a guerra civil. A operação envolveu cerca
de 40.000 militares indonesios. Quando do ataque a Dili pelas tropas
Indonesias, Xanana estava perto da Fronteira de Timor-Indonesio, sem qualquer
contacto com a familia que se encontrava em Dili... nos dias seguintes ele foi
de Balibo ao Quartel General com Nicolau Lobato e depois aos arredores de Dili
à procura da sua familia... o Leader da Resistência nunca mais se encontrou com
a familia ( tendo sua mulher com os filhos emigrado para a Australia em 1989).
Xanana deslocou-se à zona da fronteira para colher informação acerca dos
movimentos das tropas Indonesias. Enquanto voltava a Dili, nas montanhas acima
da cidade, Xanana testemunhou toda a invasão de Timor, pelos Indonesios, uma
forte escalada, por via aérea e mar. Pensa-se que cerca de 10% da População -
60.000 pessoas - foram mortas só nos primeiros 2 meses. George Aitjondro
(Académico Indonésio) que revelou papéis do periodo de invasão, deu indicadores
que as forças de invasão, usaram "napalm" and "Agent
Orange" de aviões fornecidos pelos US. Os dirigentes da Fretilin foram
obrigados a retirarem-se para os paises estrangeiros. Em Timor Leste, homens
como o Xanana e MaHuno refugiaram-se nas montanhas.
11 de Dezembro de 1975 Ramos Horta chegou as Nações
Unidas em Nova York.
12 de Dezembro de 1975 as Nações Unidas condenou a
invasão de Timor levada a cabo pela Indonesia.
17 de Dezembro de 1975 o Governo Pró-Indonesio de Timor
Leste ficou a funcionar num barco de guerra.
22 de Dezembro de 1975 o Conselho de Segurança das
Nações Unidas condenou a invasão.
25 de Dezembro de 1975 - 15.000 a 20.000 reforços
militares indonesios desembarcam em Timor Leste.
Janeiro 1976... A horrivel invasão levada a cabo pela Indonesia
deixou a Fretilin dizimada. Xanana, que estava encarregado das zonas orientais
da ilha de Timor, encontrou-se com meia dúzia de resistentes, sem comunicação
ou ideia alguma de quem tinha sobrevivido. Refugiou-se nas montanhas de Timor e
juntamente com mais 2 sobreviventes, Serakey e Mau Huno, e começou o dificil
processo de reagrupamento. Atravessava as montanhas a pé desde Mota Ulun ate
Manatuto.
Fevereiro de 1976 Lopes da Cruz, Presidente do Governo Provisório de
Timor Leste e antigo leader da UDT, anunciou que 60.000 Timorenses tinham sido
mortos desde a invasão.
Maio de 1976 Xanana assistiu ao encontro histórico da
resistência em Soibada e é destacado para as zonas de Leste.
31 de Maio de 1976 uma "Assembleia
Popular" de Timorenses "organizada" pelos militares indonesios
aprovou a petição dirigida aos Presidente Suharto, pedindo para a integração
total na Indonesia.
Novembro de 1976 como resultado desta ocupação 100.000 Timorenses
foram mortos.
Dezembro de 1976 Xanana assistiu a uma reunião politica, na escola
em CASCOL e começou a ler o "Pequeno Livro Vermelho" de Mao.
Maio de 1977 as Forças da Fretilin anunciaram que controlavam
mais de 80% do território.
Setembro de 1977 primeiro passo da Campanha Indonesia de
aniquilação.
28 de Novembro de 1977 a Assembleia Geral das Nações
Unidas rejeitou a integração e pediu a independência.
Dezembro de 1977 Xanana passou a ser o Comissário Politico substituto
na Ponta Leste, com Manecas Ma'Huno como Comandante militar.
6 de Abril de 1978 Tenente General Yusuf foi
apontado Comandante Chefe das Forças Armadas Indonesias. Ele declarou que a
resolução de Timor Leste era uma das suas prioridades.
Maio de 1978 segundo passo da Campanha de Aniquilação
Indonesia.
Setembro de 1978 Xanana supervisionava uma marcha da população que
fugia de leste para o Monte Matebian.
20 de Novembro de 1978 a Assembleia Geral das Nações
Unidas pediu às tropas indonésias para se retirarem e um conduzir a um acto de
auto-determinação.
22 de Novembro de 1978 cerco e queda do Monte Matebian,
a última base da resistência nas montanhas.
31 de Dezembro de 1978 véspera de Ano Novo, o
Presidente Nicolau Lobato (morto a 31 de Dezembro), leader da zona leste,
Vicente Sahe e outros, morreram em combates. Isto significou o fim de
resistência inicial, morria em combate a liderança. Xanana fugiu do Monte
Matebian e volta a leste. Após a morte de Nicolau Lobato, presidente da
Fretilin, Xanana Gusmão assume, em condições de extrema fragilidade, a luta
armada de Timor-Leste e adopta a formação de guerrilhas.
1978 -1979... durante os combates, Xanana mostrou uma
capacidade notável de repensar toda a orientação da luta de resistência. Após
concluir a reconstrução das Falintil compreendeu que já não bastava considerar
a luta como sinónimo de Fretilin. Tinha havido um grande debate no seio dos
dirigentes sobreviventes da Fretilin e das Falintil sobre as causas e
consequências da derrocada militar, e a ideia de formar um novo Conselho
Revolucionário de Resistência Nacional (CRRN) como organismo supremo da
resistência já tinha sido levantada numa reunião de comandantes em Março de
1979.
13 de Dezembro de 1979 Assembleia Geral das Nações
Unidas passou a resolução condenando a ocupação Indonesia e pedindo um acto de
auto-determinação.
1979 Serakey foi também morto enquanto tentava ligações
com a Fretilin no sector central. Xanana desenha um novo plano baseado na
mobilização e apoio e assistência por parte das populações .
1979 - 1980 a reorganização das estruturas de resistência
começaram. Xanana caminhou de aldeia em aldeia para consultar o povo acerca da
continuação ou fim da guerra e para contactar alguns resistentes que tivessem
sobrevivido. Recebeu a resposta para continuar. Organizou um grupo pequeno
clandestino independente de unidades e bases.
10 - 11 de Junho de 1980 as forças da resistência
organizam um ataque a Dili.
1981... para facilitar a reorganização do movimento e
defenir a ideologia das novas lutas Xanana escreveu 2 relatórios "Pátria e
Revolução" e "Temas de Guerra".
Marco de 1981, realizou-se a conferência de Maubai, tendo Xanana
como um dos principais impulsionadores que lançou as bases da reorganização
político-militar da resistência. Assim, é criado o Conselho Revolucionário de
Resistência Nacional (CRRN) do qual Xanana é eleito presidente, ao mesmo tempo
que é nomeado Comandante em Chefe das Falintil, as Forças Armadas de Libertação
Nacional de Timor Leste. Xanana foi um dos poucos elementos da direcção da
Fretilin que conseguiu sobreviver às campanhas militares indonésias de
"cerco e aniquilamento".
1981 as forças militares da Indonesia desencadearam a
"Operação Final" . A resistência sobreviveu heróicamente às grandes
ofensivas da Indonesia e continuou a sua reconstrução. Esta vitória foi
conseguida devido a pouca consistência dos documentos dos militares indonesios
e ao apoio recebido por parte do Povo.
Setembro de 1981 cerco e massacre ao Monte Aitana e Lacluta. Falta
de comida e fome é comunicado internacionalmente.
24 de Outubro de 1981 a Assembleia Geral das Nações
Unidas repetiu os seus pedidos para a auto-determinação.
1982 Xanana recomeçou as comunicações com a resistência
fora de Timor, as Nações Unidas, Grupos de Direitos Humanos e Diplomatas.
4 de Maio de 1982 eleições realizadas em Timor Leste deram 98.8% dos
votos ao partido Golkar.
3 de Novembro de 1982 Assembleia Geral da Nações
Unidas mais uma vez condenou a anexação e pediu um acto de auto-determinação. O
Secretário Geral deu instruções para se iniciarem discuções com todas as partes
interessadas.
1983 durante os anos 80 Xanana fez várias tentativas
para encontrar uma solução pacifica com os invasores Indonesios. Com as tropas
Indonesias negociaram o cessar-fogo e em Março chegaram a acordo com a zona de
cessar fogo. Mas em Agosto o massacre de Kraras foi o sinal para o fim do
cessar fogo. E em Setembro foi declarado um estado de emergência e uma nova
ofensiva indonesia é lançada.
1984 a operação levada a cabo e as suas consequências
convenceu Xanana a cessar as operações o que poderia levar os Indonesios a
fazerem represálias na população civil como em Kraras.
25 de Julho de 1984 o Secretário Geral das Nações
Unidas confirmou que pouco progresso foi atingido nas negociações entre
Indonesia e Portugal. Discuções foram adiadas.
Durante os anos 80 muito dos seus compatriotas
foram mortos e Xanana fez várias tentativas para fazer acordos de paz com a
Indonesia invasora. Começaram a aparecer movimentos civis e de estudantes de
resistência clandestinos em Timor Leste, mais própriamente em Dili, mas também
dentro da Indonesia. A geração de jovens Timorenses cresceu sob a ocupação
Indonesia e viam Xanana Gusmão como um Leader carismático da resistência
nacional.
18 de Agosto de 1985 o Primeiro Ministro Australiano
Bob Hawke, em representação do seu Partido trabalhista, reconheceu a soberania
da Indonesia em Timor Leste.
24 de Setembro de 1985 mais uma vez foram adiadas nas
Nações Unidas as negociações entre Portugal e Indonesia.
9 de Dezembro de 1985 os Governos Australiano e
Indonesio anunciaram que se iam juntar na exploração de petroleo em Timor
Leste... estava criado o Timor Gap.
31 de Marco de 1986 Fretilin e a UDT anunciaram a
formação de uma Coligação.
4 de Setembro de 1986 em Lisboa o novo Governo Social
Democrata eleito anunciou que desistia do pedido de auto-determinação para
Timor Leste.
1987 a 1988 na reorganização da estrutura da resistência,
Xanana declarou as Falintil exército nacional apartidário. Em 1988 ele deixou
de ser membro do partido politico Fretilin, acreditando que a luta pela
independência de Timor Leste transcêndia as lealdades politicas.
Fevereiro de 1988 o Governo Indonesio convidou Portugal a mandar uma
missão de observadores a Timor Leste.
Novembro de 1988 Suharto visitou Timor Leste e anunciou que em
Janeiro 8 dos 13 distritos de Timor Leste seriam abertos a entrada de
Indonesios e estrangeiros.
31 de Dezembro de 1988 foi formado um novo orgão
director da resistência, o Conselho Nacional de Resistência Maubere (CNRM),
presidido por Xanana Gusmão. Foi também nesta altura que Xanana abandonou a
Fretilin e tenta, a todo o custo, transformar a luta de libertação numa causa
nacional, lutando sempre pela defesa da auto-determinação do território.
15 de Julho de 1989 Uma ofensiva militar rápida foi
levada a cabo antes da visita do Papa. O seu principal objectivo era capturar
Xanana.
5 de Outubro de 1989 Xanana escreveu uma mensagem - Timor
Leste, Um Povo, Uma Nação : " Seja no Tibete ou Polónia, nos Paises
Balticos ou no Pacifico Sul, em Africa ou nas Caraibas, está demonstrado que a
força e a repressão nunca puderam sufocar por completo o que constitui a
própria razão de ser de cada povo: o orgulho de ser ele mesmo; a capacidade de
poder preservar, sem restrições tudo quanto o identifique como tal; a liberdade
de transmitir tudo isso as gerações vindoras; em sumula, o direito de gerir o
seu próprio destino."
Outubro de 1989 o Papa João Paulo II visitou Timor Leste e uma
enorme manifestação em Dili foi sinais do principio de uma fase politica de
manifestações organizadas pelos movimentos de juventude resistente.
11 de Dezembro de 1989 os governos da Austrália e da
Indonésia assinaram um tratado para explorar a área do Timor Gap.
17 de Janeiro de 1990 o Embaixador dos Estados Unidos
encontrou vários grupos de manifestantes em Dili. Eles são violentamente
dispersos e depois da sua partida pelo menos 2 foram mortos.
Setembro de 1990 Robert Domm, jornalista entrevistou Xanana Gusmão,
nas montanhas no acampamento de Ainaro. As reportagens e os relatórios são
publicados internacionalmente e Xanana passou a ser conhecido pela primeira vez
pelo mundo. Isto levou a represálias.
Fevereiro de 1991 Xanana viajou de Ainaro até a zona de Dili e quase
que foi capturado. Passou a viver refugiado num local secreto e subterrãneo.
Xanana não podia viajar pelo território.
fins de 1991 a Resistência começou os preparos para receber a
Delegação Parlamentar Portuguesa e planeavam uma cerimónia formal.
fins de Outubro de 1991 - 2 jovens manifestantes foram
mortos por protestarem o cancelamento da Delegação Parlamentar Portuguesa.
12 de Novembro de 1991 dia do massacre de Santa Cruz.
Centenas de Timorenses dirigiram-se ao cemitério de Santa Cruz numa marcha
fúnebre pacifica, por aqueles que tinham morrido nas demonstrações. 371 pessoas
foram mortas e 382 feridas e 250 nunca foram encontradas ( estes acontecimentos
foram vistos a volta do mundo). Xanana não esperava esta reacção das forças
indonesias, embora esperasse alguma, ficou abalado com os acontecimentos e mais
uma vez pensou " na nossa guerra nós temos que acreditar que os que
morreram, cumpriram a sua missão, o seu dever ". Xanana aumentou as
suas idas às povoações controladas pelos indonésios, ciente dos riscos que
essas movimentações comportavam.
Fevereiro de 1992 os militares indonésios em Timor Leste anunciaram
que Xanana estava doente e que a rendição se aproximava. Dias depois em Sydney
a UDT através de João Carrascalão, confirmou a doença de Xanana, mas negou
qualquer ideia de rendição. Ainda em Fevereiro apoiantes de Xanana mostraram
indignação pela falta de acção da Comunidade Internacional perante os
acontecimentos do massacre de Santa Cruz.
Setembro de 1992 Abilio Osório Soares passou a ser o último
Governador de Timor Leste indicado pela Indonesia indo substituir Mário
Carrascalão .
20 de Novembro de 1992 Xanana foi capturado nos
arredores de Dili . Um informador anónimo avisou a policia indonesia da sua
presença na casa da mãe de Abilio Araujo. Não tardou muito para que um grupo de
21 soldados invadisse a residência e capturasse o lider Timorense. Com ele foi
apreendido material contendo informações sobre membros da resistência,
identificados pelos nomes próprios e localidades a que pertenciam . Esta
apreensão foi um verdadeiro golpe na estrutura da resistência, que se viu
obrigada a contar com apoios e voluntários. Muitos outros foram presos também,
incluindo os que o escondiam e membros da sua familia. Xanana é mantido
incomunicável durante dezassete dias.
Dezembro de 1992 a Indonesia "divulgou o seu golpe
psicológico" para atingir os apoiantes da resistência timorense. Xanana
apareceu na Televisão Indonesia afirmando que a luta tinha acabado. Xanana
aparece em vídeos gravados pelos seus carcereiros, aonde "tem uma conversa
informal" com Abilio Osorio. Nessa conversa o lider Timorense renegava
todas as suas crenças ideológicas e pedia desculpa as autoridades pelo que
tinha feito. Apelava também aos seus companheiros de luta que se entregassem. A
Indonésia quer espremer até à última gota o sumo da sua vitória e anuncia um
julgamento público. Este video foi alvo de mesas redondas em Televisões Internacionais
. Uma das vozes que se fez ouvir de imediato foram a do Bispo D.Ximenes Belo
que disse " Ele fala de maneira diferente daquela que eu conheço"...
e a de Ramos Horta que disse " Foi o corolário de torturas inimagináveis e
aplicação de produtos quimicos no corpo do lider de Timor".
13 de Janeiro de 1993 Xanana começou a ser julgado num
Tribunal em Dili. Algumas organizações de juristas nacionais e internacionais
ofereceram ao lider Timorense os seus serviços. A Fundação Indonesia de Apoio
Juridico, em resposta ao apelo feito por familiares de Xanana,
disponibilizou-se, mas Xanana recusou a oferta. No entanto as autoridades de
Jacarta recusaram que a defesa fosse feita por qualquer jurista estrangeiro,
argumentando que a legislação não o permitia. Foi nomeado como defensor
oficioso Sudjono, um advogado indonesio de Dili que tinha defendido um ano
antes Agapito Cardoso. As acusações são de Separatismo, conspiração contra o
estado indonesio e posse ilegal de armas. Até ao final do seu julgamento foram
poucos os acontecimentos que mudaram a rotina do julgamento nos tribunais
indonesios de Dili.
inicio de Fevereiro de 1993 o defensor oficioso Sudjono
questionou a competência do tribunal de Dili para efectuar o julgamento. A
Fretilin já existia quando da anexação de Timor Leste, por outro lado os
guerrilheiros da Resistência nunca tinham reconhecido a jurisdição do tribunal
de Dili. Mas o julgamento continuou dias depois com a audição de testemunhas.
Xanana ouviu-as com aparente apatia. Aceitou todas as responsabilidades que lhe
eram impostas, confirmando a posse de armas. Mas Xanana não se deixou abater...
e já tinha pedido aos jornalistas que esperassem até ao fim do julgamento.
Xanana, Lider da Resistência Timorense insistiu em fazer a sua própria defesa,
dispensando os serviços do seu advogado. E aqui a emoção acende-se. Voltou a
aparecer o resistente, o lider, o grande lider que se apresentou como "Comandante
das FALINTIL, as Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor Leste".
Foi interrompido pelo juiz, mas conseguiu enviar uma cópia da sua defesa para o
exterior. O Julgamento e a prisão agitam a questão de Timor Leste e são
inumeras as entidades que intervêm a favor de Xanana, incluindo a Igreja de
Timor.
19 de Maio de 1993 Xanana foi condenado no Tribunal
de Dili. O juiz Hieronymus Godang condenou-o a prisão perpétua numa prisão de
delito comum. Depois da leitura da sentença houve quem o ouvisse murmurar
" Viva Timor-Leste" antes de desaparecer por detrás dos
guardas. Foi de imediato levado para uma prisão de delito comum. Mas O Lider
das FALINTIL sabia que não se podia deixar cair no esquecimento e no isolamento
. Continua a lutar e inicia uma greve de fome ( aqui os seus carcereiros
tê-lo-iam obrigado a comer, mantendo então um protesto de greve de silêncio),
conseguindo ser transferido para a prisão de Cipinang, em Jacarta, onde estavam
os presos politicos indonesios e timorenses, quebrando assim o isolamento ao
qual a Indonesia gostaria de o ver confinado. Em Cipinang, Xanana tornou-se
numa "figura importante" e recebeu vários prémios, visitas de altas
individualidades e aproveita o tempo que dispõe para dar largas ao seu talento
e imaginação, a literatura e a pintura. Tudo isto conseguindo manter o poder e
o carisma que o consagraram como lider da resistência timorense.
20 de Julho de 1993 o Governo Indonesio permitiu as
conversações entre os pró e anti-integracionistas . Os Pró foram conduzidos
pelo antigo lider da UDT, Lopes da Cruz.
Agosto de 1993 Suharto cedeu às pressões internacionais e comutou
a pena de prisão perpétua para 20 anos de prisão.
Dezembro de 1993 Pro e Anti-Integracionistas começaram as
conversações.
7 de Dezembro de 1993 na prisão de Jacarta Xanana
gravou uma mensagem para o exterior
18 de Janeiro de 1994 durante a noite o serviço em
português da BBC, transmitiu a mensagem gravada a 7 de Dezembro de Xanana
Gusmão. Nessa mensagem Xanana considerava que "as Falintil não tem
capacidade para vencer militarmente, mas a Indonesia também não pode vencer
politicamente em Timor Leste". Ele terminava apelando a continuação da
luta armada em Timor Leste.
1994 - Apesar de estar preso, Xanana demonstrou as suas
qualidades de pintor e de escritor – publicou o livro " Timor-Leste- um
povo, uma pátria" - e continuou também a coordenar a acção da resistência,
no interior e a nível diplomático. Muitas foram as entidades a reconhecer o seu
valor, e a prestar homenagem. Apesar de estar preso nunca deixou a luta pelos
direitos do povo timorense. Escreveu cartas que se tornavam publicas através de
Ramos Horta, os apelos que lhe foi permitido fazer pelos orgãos de comunicação
fizeram com que o Governo Português e a Comunidade Internacional não se
esquecessem do povo timorense e que não deixassem de lutar. O governo indonesio
foi um dos alvos principais de Xanana. Um apelo pela libertação dos presos
politicos, era o desejo de Xanana para se assim poder concretizar a reforma
total exigida pelo povo indonesio.
- Jovens resistentes começaram a campanha em
Embaixadas estrangeiras em Jacarta.
24 Janeiro de 1994 Xanana foi visitado, na cadeia
de Cipinang pelos enviados especiais das Nações Unidas para Timor Leste, Tamrat
Samuel e Francesco Vendrell, para prepararem a segunda ronda de negociações
entre Indonesia Portugal. Xanana ficou proibido de receber visitas depois de
ter escrito uma carta de protesto.
Fevereiro de 1994 Xanana e e o Bispo Belo responderam negativamente
a ideia de "conversações para a reconciliação".
Julho - Setembro de 1994 Xanana aceitou encontrar-se com
militares indonesios.
Setembro de 1994 em Melbourne, Australia, um dos quadros pintados
por Xanana Gusmão, pintados em Cipinang foram leiloados para angariar fundos
para a resistência.
17 de Novembro de 1994 Autobiografia e outros escritos
foram publicados em Portugal.
12 de Novembro de 1994 - 29 estudantes timorenses
entraram na Embaixada dos Estados Unidos durante uma reunião da APEC.
14 de Novembro de 1994 o Presidente Clinton falou com
Suharto com firmeza acerca dos direitos humanos em Timor Leste.
Janeiro de 1995 Indonesia e Portugal permitiram às Nações Unidas a
ter conversações entre os Timorenses.
Maio de 1995 Xanana foi hospitalizado com problemas de rins.
Junho de 1995 Primeiro Encontro Para Conversações entre os
Timorenses (AIETD)
Julho de 1995 metade dos Timorenses que assinaram a Declaração
de Balibo arrependeram-se de o ter feito e voltam atrás.
Agosto de 1995 Xanana foi posto em "silêncio" por ter
escrito uma carta a Conferência Mundial das Mulheres em Beijing .
Dezembro de 1995 John Pilger publicou internacionalmente uma
entrevista com Xanana. O Governo Indonesio não acreditou na sua autênticidade.
29 de Fevereiro de 1996 Reunião entre o Presidente
Suharto e o Primeiro Ministro Português António Guterres. António Guterres
anunciou muito interesse em abrir " Interest Section" em troca da
libertação dos prisioneiros incluindo Xanana.
19 - 22 Marco de 1996 o balanço do Segundo Encontro
entre Timorenses, não incluia pedidos da resistência externa nem a liberdade de
Xanana.
20 de Junho de 1996 Xanana fez 50 anos.
27 de Junho de 1996 oitava vez que Indonesia e
Portugal reuniam. Unica resolução foi construir um Centro Cultural Timorense em
Dili.
Outubro de 1996 o Senado Australiano passou por unanimidade uma
moção de apoio à auto-determinação de Timor Leste.
Novembro de 1996 Jose Ramos Horta e o Bispo D.Ximenes Belo,
receberam o Prémio Nobel da Paz. Quando D.Ximenes Belo regressou a Dili
deparou-se com milhares de Timorenses à sua espera, para lhe desejarem as boas
vindas.
22 de Marco de 1997 Xanana encontrou-se outra vez
com o enviado das Nações Unidas Jamsheed Marker.
Abril de 1997 Xanana pediu um Referendo para Timor Leste.
Julho de 1997 Nelson Mandela visitou Xanana e tiveram uma
reunião secreta.
Agosto de 1997 Presidente Nelson Mandela recomendou que Xanana
fosse libertado.
Outubro de 1997 Terceiro encontro apoiado pelas Nações Unidas
entre os Timorenses.
Janeiro de 1998 Xanana propôs a criação do CNRT ( Conselho
Nacional da Resistência Timorense), em coligação com a UDT, cujo presidente era
João Carrascalão. A este orgão competiria a articulação de várias instituições
partidárias, sociais e culturais, e do conselho politico Nacional, na qual se
aprovariam então estratégias politicas e diplomáticas. O objectivo deste
Conselho seria fazer de Timor um território livre e independente, sem forças
armadas, com um sistema parlamentar multipartidário, uma economia de mercado e
uma constitução que salvaguarde o respeito pelos direitos humanos. O Português
seria a lingua oficial e Timor desejaria integrar-se na Comunidade dos Paises
da Lingua Portuguesa.
Abril de 1998 Xanana, na prisão conseguiu reunir todas as forças
politicas, culturais e sociais do seu povo, na primeira Convenção de Timor
Leste. Em Lisboa na Convenção Nacional Timorense, acordou-se a criação do CNRT
- Conselho Nacional da Resistência Timorense para subsituir o CNRM - Conselho
Nacional da Resistência Maubere. O CNRT, uma organização nacional , e não
partidária. Esta seria a nova face para a resistência Timorense. Conseguiu
juntar diferentes organizações nacionais politicas e elegeram unânimemente
Xanana Gusmão como Presidente. Este Conselho comportava vários porta-vozes. Em
Portugal foi Roque Rodrigues o representante e o porta-voz do interior foi
Manuel Carrascalão.
Maio de 1998 Suharto demitiu-se no seguimento de pressões
feitas pelos estudantes democratas e do povo da Indonesia.
O novo Governo permitia o acesso a Xanana. Jornalistas Ocidentais foram permitidos entar na Cadeia de Cinipang para entrevistarem presos politicos pela primeira vez. Na entrevista com Xanana, ele confessou que não tinha grande fé na administração de Habibie, mas era um passo em frente para a liberdade de Timor Leste. Jose Ramos Horta levou os Timorenses e Comunidade Internacional a pediram a libertação imediata de Xanana Gusmão.
O novo Governo permitia o acesso a Xanana. Jornalistas Ocidentais foram permitidos entar na Cadeia de Cinipang para entrevistarem presos politicos pela primeira vez. Na entrevista com Xanana, ele confessou que não tinha grande fé na administração de Habibie, mas era um passo em frente para a liberdade de Timor Leste. Jose Ramos Horta levou os Timorenses e Comunidade Internacional a pediram a libertação imediata de Xanana Gusmão.
Junho de 1998 o Presidente Indonesio Habibie"ofereceu"
e "garantia" um estatuto especial a Timor Leste, mas isto foi
rejeitado pelos movimento pro-independência.
12 de Junho de 1998 mais de mil manifestantes de
Timor Leste fizeram uma marcha na capital da Indonesia, Jacarta e pediram um
referendo para a independência do seu território. Também foi feita uma grande
pressão internacional sobre o Governo Indonesio.
Agosto de 1998 um representante da BHP teve uma reunião secreta
com Xanana. Nesta reunião Xanana reafirmou a BHP que Timor Independente iria
respeitar os direitos da companhia exploradora do petroleo no mar de Timor.
5 de Agosto de 1998 Portugal e a Indonesia acordaram
negociar uma base que levasse à autonomia de Timor Leste sob a supervisão do
Secretário Geral das Nações Unidas.
20 de Novembro de 1998 Portugal suspendeu as
negociações sobre Timor Leste com Jacarta quando teve conhecimento de um
massacre.
Janeiro de 1999 de repente a Australia mudou a sua politica em
relação a Timor Leste sobre a sua auto-determinação.
10 de Fevereiro de 1999 Xanana foi transferido da sua
cela na Prisão de Cinipang, Jacarta, para uma "casa prisão " num
suburbio de Jacarta (Salemba). Ele alertou acerca de possivel violência e pediu
para o envio de uma força Internacional de paz, mas mesmo assim concordou com o
referendo.
19 de Fevereiro de 1999 em Dili milhares de pessoas
assistiram ao funeral de um jovem de 25 anos morto durante um incidente entre
os grupos pro-independente e os juventude pro-indonesia..
3 de Marco de 1999 o Presidente Indonesio Habibie
anunciou que se "num processo de cunsulta", a maioria dos Timorenses
rejeitassem autonomia a favor da independência, a Indonesia garantia a
independência. Xanana começou a pedir o cessar-fogo, desarmamento e a redução
efectiva das tropas indonesias em Timor Leste.
5 de Marco de 1999 Portugal e a Indonesia e as
Nações Unidas concordaram levar a cabo uma "consulta Popular" ao povo
Timorense sobre a autonomia e as Nações Unidas estabeleceram a Missão das
Nações Unidas, UNAMET, para organizar. O Governo Indonesio seria responsável
por manter a paz e segurança de forma a que a consulta popular fosse levada a
cabo em clima de justiça e de paz e numa atmosfera de liberdade sem
intimidação, violência ou interferência de nenhuma das partes.
Marco de 1999 Xanana recebeu a visita da Secretária de Estado
Norte-Americana, Madeleine Albright e esta garantiu-lhe, o apoio
norte-americano a uma presença internacional em Timor Leste.
4, 5, 6 de Abril de 1999 Eurico Guterres, liderava a
milicia Besih Merah Putih (Ferro Vermelho e Branco), que se encontrava na zona
de Liquicá. Nestes dias levou avante um massacre aonde se verificou 17 mortos e
dezenas de feridos em estado grave (tendo sido o numero de mortos aumentado
para 56, segundo uma organização direitos humanos). Este massacre contou também
com o apoio explicito de efectivos militares indonesios e de uma unidade da
brigada móvel (BRIMOB) da policia.
5 de Abril de 1999 Xanana Gusmão emitiu um
Comunicado " Timor Leste à Beira da Guerra" em resposta
aos ataques levados a cabo em Maubara, Liquicá, aonde militares indonesios
entraram e dispararam sobre a população civil, matando 17 pessoas e deixando
dezenas de feridos. Xanana ordenou que a guerrilha pro-independência retomasse
as armas para lutar contra as tropas do Exército Indonesio. " Pátria ou
morte!" "Resistir é vencer!" e a "A luta
continuará sem tréguas!" São algumas das palavras de Xanana.
Acrescentava o comunicado: " sei que o povo timorense vai sofrer outro
banho de sangue, mas também sei que não temos outra alternativa, porque a
Pátria é nossa e porque o direito de possui-la é nosso. E nós estamos
preparados para todos os sacrificios que forem necessários" acrescenta
: "Nós tomaremos a única responsabilidade sobre tudo o que vier a
acontecer e não pediremos uma palavra de piedade à comunidade internacional".
Nesse comunicado lembrava também que, nos últimos meses todos os dias recebia
informaçães sobre o agravamento da situação em Timor Leste, dai a decisão de
retomar as acções das Falintil, suspensas unilateralmente pela resistência
Timorense no intuito de promover a paz e a estabilidade do território. No
entanto acrescenta o lider Timorense: "desde Outubro de 1998, que as
Forças Armadas indonésias tem vindo a armar milicias para intimidar e armar a
população".
17 de Abril de 1999 mais uma vez, as milicias
atacaram, a mandado de Eurico Guterres, desta vez é a cidade de Dili. o
objectivo principal deste ataque era matar todos os dirigentes, entre eles constavam
nomes como Leandro Isaac e Manuel Carrascalão. Neste ataque muitas casas foram
queimadas e destruidas. A casa de Manuel Carrascalao, foi toda destruida, nela
encontravam-se cerca de 130 refugiados, 13 deles foram mortos e muitos deles
que não conseguiram fugir foram gravemente feridos. Entre eles o
"Manelito" Carrascalão, filho de Manuel Carrascalão, foi brutalmente
assassinado, em vingança de não conseguirem "apanhar" o pai. Embora
as milicias devessem depôr as armas em virtude das negociações entre Portugal e
a Indonesia, assinado no acordo entre os dois paises, em Abril de 1999 - em
Nova York - acordo esse que visava a intervenção imediata das Nações Unidas em
Timor Leste, as milicias Pro-Indonesia nunca o fizeram e são as grandes
responsaveis pelo genocidio do povo timorense!
20 de Maio de 1999 Xanana enviou de Salema,
mensagem a comemorar os 25 anos da Formação da ASDT/FRETILIN. Esta mensagem foi
dirigida aos: " Companheiro Lu-Olo, Companheiro Mari
Alkatiri,Companheiro Ma'Huno, Membros do Comité Central da FRETILIN, Membros da
FRETILIN" . Nesta mensagem ele fazia referência ao dias de luta e de
sofrimento e relembrava : " Ao atingir este quarto de século da criação
da FRETILIN, não posso deixar de relembrar os vinte meses de existência em que
aprendíamos a liberdade e os restantes 23 anos de enorme dor, sofrimento e
sacrifício de todo o nosso povo vividos com a certeza da vitória nesta luta
contra a ocupação ilegal e assassina". Acescenta: "A luta pela
libertação da nossa Pátria ainda continua. O dia da vitória ainda não chegou.
Estamos, no entanto, certos de que sob a bandeira da unidade, unidos em torno
do CNRT pelos objectivos supremos da libertação da nossa Pátria e o exercício
do direito a auto-determinação, a vitória será inevitavelmente de todos nós - o
Povo de Timor-Leste.
No decurso destes 23 anos tombaram mais de 200.000
timores. A FRETILIN viveu a perda de cada uma dessas vidas, junto do Povo,
lutando com ele, morrendo com ele e dando a vida pela sua libertação." Acabava a mensagem
ressaltando: "Estou confiante de que, tal como durante estes 25 anos,
os quadros e membros da FRETILIN manterão a mesma coragem e determinação, o
mesmo empenhamento e entrega ao enfrentar esta nova fase, pela libertação da
nossa querida Pátria de Timor-Leste e pelo seu futuro.
A todos os membros da FRETILIN, um forte Abraço de
PARABÉNS. "
Assina : "Ray Rala Xanana Gusmão, Presidente do CNRT, Comandante das
FALINTIL ."
25 de Agosto de 1999 Xanana emitiu um Comunicado de
Jacarta " A hora é de Construir. Reconciliação, Unidade e
desenvolvimento nacional no quadro de Transição "
30 de Agosto de 1999 apesar do clima de intimidação o
Povo Timorense foi chamado a votar, e FOI votar!
4 de Setembro de 1999 os resultados da votação foram
anunciados : 78.5% dos Timorenses votaram a favor da Independência, indicando a
bandeira do CNRT no papel de voto.
Setembro de 1999 o movimento pro-integracionista de milicias, com
substancial apoio dos militares indonesios começaram um periodo de
incontrolável terrorismo. Milicias e militares destruiram tudo o que poderam,
antes que as forças de paz, pudessem entrar em Timor Leste. A população foi
obrigada a fugir em grande escala para as montanhas, aonde podiam contar com a
protecção das Falintil. O numero de pessoas que foram mortas é incalculavel,
tendo cerca de 200.000 sido levadas e obrigadas a ir para a parte de Timor
Ocidental. e outras partes da Indonesia.
7 de Setembro de 1999 Xanana Gusmão foi libertado e refugiou-se durante 2 semanas
na Embaixada Britânica em Jacarta. Enquanto não viu o dia da sua libertação
chegar Xanana Gusmão continuou a sofrer e a lutar com o seu povo pela
auto-determinação! Foi um verdadeiro Resistente!
15 de Setembro de 1999 o horror da violência em Timor
Leste, finalmente levou os Estados Unidos a pressionarem a Indonesia em aceitar
a entrada das forças de paz "dos capacetes azuis". O Conselho de
Segurança das Nações Unidas autorizou uma força Australiana- multinacional,
para manter a paz e a segurança em Timor Leste.
18 de Setembro de 1999 Xanana Gusmão pediu para voltar
a Timor Leste, mas foi avisado de que era melhor não regressar. Foi então
levado secretamente para a cidade de Darwin, Austrália depois de ter recebido
várias ameaças de morte, na Embaixada Britânica, em Jacarta, e esta não poder
garantir a segurança de Xanana.
19 de Setembro de 1999 Xanana Gusmão chegou
secretamente a cidade de Darwin, na Austrália.
26 de Setembro de 1999 Xanana e Ramos Horta foram
recebidos pela Secretária de Estado Americano Madeleine Albright, que disse em
Conferência de Imprensa "respeitar profundamente os dois homens."
28 de Setembro de 1999 Xanana Gusmão e Ramos Horta
deram Conferência de Imprensa nas Nações Unidas, organizada por Portugal, aonde
informaram que tinham ido discutir com os Oficiais das Nações Unidas assuntos
relacionados com o periodo de transição, incluindo reconstruir o pais e
assistência ao povo durante os tempos dificieis que se adivinhavam. Eles também
informaram que estavam preparados para começar com o periodo de transição e que
os levariam a independência, razão pela qual tinham lutado os ultimos 24 anos.
Nesta Conferência de Imprensa Xanana acrescentou que para o encontro entre as
três partes (Indonesia, Portugal e Timorenses) ter sucesso, que tinha que haver
um acordo na Fase III. A Fase II, já não era aceitável com as condições
presentes. Acrescentou que alguma espécie de administração e controle politico
deveriam ser implementados no território imediatamente. A pergunta se o
desdobramento da INTERFET, seria suficiente, Xanana respondeu que 7.000
militares eram suficientes, mas o seu desdobramento teria que ser apressado.
Informou também que todos os esforços iriam ser feitos para ter "os
seus irmãos de volta a Timor Leste".
3 de Outubro de 1999 - Domingo - o Povo Português aclamou com
muito carinho Xanana Gusmão como um Heroi e António Guterres pediu para visitar
Timor Leste o mais depressa possivel. Também teve lugar uma emocional marcha
dos exilados timorenses, acompanhados pelo Nobel da Paz Ramos Horta e o Bispo
de Dili, D. Ximenes Belo. Na mesma altura Xanana visitou a Irlanda, Inglaterra
e os Estados Unidos da America.
8 de Outubro de 1999, segunda-feira, Xanana apareceu
publicamente em Melbourne, Australia.
20 de Outubro de 1999 a Indonesia aceitou "
formalmente" a independência do território de Timor Leste.
22 de Outubro de 1999 Xanana Gusmão retornou a
Timor Leste livre!. O maior
simbolo da luta pela independência de Timor Leste, retornou de modo triunfal,
sete anos após ter sido preso pelo Exército indonesio. Xanana discursou durante
15 minutos perante uma multidão emocionada e exuberante, gritou "mostrámos
ao mundo inteiro, mostrámos à Indonésia, mostrámos a nós mesmos que temos
coragem para lutar pela independência durante 25 anos" , visivelmente
emocionado e com a voz quebrada pela emoção deu um basta na violência " Foi
uma luta muito dificil. Nosso sofrimento durou tempo demais" disse
Xanana. A multidão respondeu fazendo o sinal da vitória e gritando coisas como
" Vida Longa a Timor Leste! ". Muitos tocavam tambores e
dançavam para comemorar. Durante toda a manhã, camiões com alto-falantes
percorreram as ruas de Dili para anunciar a volta do lider, que sem ter sido
visto em público, saiu da Austrália num cargueiro C-130 da Real Força Aérea
Australiana. ( Monte Matebian - foi
aonde Xanana passou a maior parte do seu tempo de guerrilheiro)
Comentário pessoal - Xanana Gusmão voltou a Timor
Leste 22 de Outubro de 1999, com a barba cuidada, o que não aconteceu quando
foi capturado a 20 de Novembro de 1992 . Muito se disse e muito se escreveu
àcerca do homem que Suharto considerou ser o inimigo numero um da
Indonésia, e poderia considerá-lo isso. Os militares da Indonésia em 1979,
tinham aniquilado fisicamente e psicológicamente a resistência de Timor, quando
a 31 de Dezembro morre Nicolau Lobato. A resistência ficou desmoralizada e sem
líder. Quase todos os seus companheiros tinham sido mortos e os que não tinham
sido mortos ficaram sem meios de comunicação. Ninguém sabia quem tinha sido
morto, quem estava ferido ou se haviam sobreviventes do "cerco e
aniquilamento". Xanana "recolheu o pouco" que restava da
resistência que se tinha organizado para defender o Povo das atrocidades dos militares
do Governo Indonésio. Com o muito pouco que sobrou, Xanana tomou a liderança da
resistência. Posso afirmar que a luta de Xanana foi um "luta" muito
desigual... sem nenhum tipo de apoio económico ou militar, a maltratada
resistência não podia abandonar os seus esconderijos nas montanhas, nem tão
pouco libertar o seu povo da dominação do quarto Pais mais povoado do mundo e
com o exército mais numeroso do sudeste asiàtico.
Os mortos em Timor Leste foram feitos com armas
compradas aos Estados Unidos, Austrália e claro aos Paises Europeus. Xanana
sempre soube isso, mas a esperança é a última a morrer e Xanana passa não só, a
ser um guerrilheiro mas também um politico e luta até ao fim tentando ter esses
paises do seu lado. Ele sabia que já nada podia esperar dos barcos portugueses,
esses ja tinham sido, também eles obrigados a retirar rumo a Portugal, aonde
tambem nós, os Portugueses nos viamos a braços com uma Revolução, cheia de
conflitos e contradições. Xanana teve uma luta muito dificil e de muito
sofrimento, mas manteve sempre a cabeça erguida, lutando com determinação pela
defesa e independência do seu Povo, o Povo Timorense.
Quando preso Xanana mais uma vez conseguiu que a
sua luta não fosse em vão e pouco a pouco soube aproveitar as oportunidades que
iam aparecendo para sensibilizar o mundo inteiro àcerca da sua luta, que era a
luta do seu povo.
E como se costuma dizer "Deus escreve
direito por linha tortas", a hora finalmente aproximava-se. A
Indonésia entra em crise politico/económica/social. Cheia de problemas internos
de toda a ordem e altamente pressionada pela Comunidade Internacional , viu que
não tinha outra alternativa senão ceder a essas mesmas pressões. Muda então de
Governo. O papel do novo Governo seria dar uma "imagem" de meninos
bem comportados, porque quando entra em jogo o nome "Banco Mundial"
os governantes não pensam só duas vezes, pensam milhentas vezes!! Xanana foi
libertado pela Indonésia, porque a Indonésia sabia que Xanana era a voz do Povo
Timorense e queria " limpar a cara" perante a Comunidade
Internacional, e seria também o "único" meio válido, e claro,
a Indonésia sabia também que cada dia que Xanana passasse na Prisão, seria mais
herói.
Quando preso, todos viram o que Xanana poderia fazer.
Quando prometeu ao Secretario Geral Kofi Annan, que seus homens não atacavam,
os seus homens não atacaram, mesmo quando as milicias se organizaram e fizeram
massacres em Timor Leste. MAS quando a 5 de Abril de 1999, Xanana perdeu
a paciência ao saber dos massacres e de tanta violência, tanta malvadez e
anunciou o regresso às armas gritando "Pátria ou morte!"
"Resistir é vencer!" e a "A luta continuará sem tréguas!"
os seus homens voltaram às armas.
Tinha chegado a hora esperada por tantos milhares
de timorenses, e pela qual tantos ficaram pelo caminho, sem poderem
chegar ao fim da sua caminhada e ver o seu sonho de liberdade chegar.
E a 7 de Setembro de 1999 Xanana Gusmão foi
libertado e a 20 de Outubro de 1999 a Indonésia aceitou formalmente a independência
do território de Timor Leste.
Xanana parece ser um homem sempre ligado ao
destino, ou então o destino "liga-se" a ele... Foi capurado a
20 de Novembro de 1992, nos arredores de Dili e com ele foi apreendido material
contendo informações sobre membros da resistência, identificados pelos nomes
próprios e localidades a que pertenciam . Deixo aqui a minha chamada de atenção
para quem tem seguido os acontecimentos históricos de Timor Leste e de Xanana
Gusmão: tudo isto se passou em casa da mãe de Abilio Araujo...que é o
presidente do PTN em 2001, com ligações no terreno com CDP-RDTL, tendo sido
detidos 3 Membros a 9 de Março de 2001, acusados em Dili, pela Policia
Internacional (Untaet) por alegado envolvimento na tentativa contra a vida de
Xanana Gusmão a 7 de Março de 2001. No entanto este golpe bem planeado falhou
devido ao facto de a Policia Civil das Nações Unidas ter tido conhecimento do
plano para eliminar o lider timorense, pelo que foram tomadas todas as medidas
para evitar que o pior acontecesse.
Xanana Gusmão em liberdade, recordará sempre os
momentos tão dificeis e os momentos de grande dor, pelos quais, ele e os seus
companheiros de guerrilha passaram e viram passar o seu Povo. Acredita-se que
mais de 200.000 timorenses foram mortos. Mas como dizia Xanana " a
razão era o nosso ideal de independência" e " a determinação
do nosso povo dáva-nos força, inspiração e motivação para continuar".
Mas para quem conheceu ou conhece Xanana, sabe que tudo isso só lhe deu e
continuará a dar força e determinação! Tudo isso fez dele, um homem com um
coração maravilhoso e uma pessoa ainda mais humana, mais humilde, ainda que com
muito sofrimento. Ele agora e os seus companheiros estão melhor preparados para
dirigir os destinos do seu Povo!
Nota: Todo este meu trabalho de pesquisa é uma modesta
dedicatória minha a Xanana Gusmão, como agradecimento e previlégio de ter um
amigo como ele!
Com muito carinho e muita amizade, para ti Xanana,
com um grande abraço e muitos beijinhos! Que Deus te proteja!
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